SELF-UNCENSORED

Existe autocensura nas sociedades democráticas? Essa autocensura constrange a liberdade e os resultados artísticos?  

Propomos à comunidade artística o desenvolvimento de criações livres destes constrangimentos, através da participação num projecto concebido para investigar e promover as condições para a liberdade criativa, ao serviço da autonomia e da livre expressão das ideias singulares, arriscadas e divergentes.

 

 

“A censura no seio de uma democracia é, muitas vezes, auto-imposta pelo indivíduo; o medo de atravessar linhas de fronteira invisíveis vem de dentro”. Afirma Natalia Kaliada, do Belarus Free Theatre, acrescentando que “o conformismo criativo está a florescer nos países democráticos”. Kaliada é apenas um exemplo das múltiplas vozes que abordam esta questão. Mas é curioso que uma pessoa vinda de um país em ditadura e exilada no Reino Unido, venha relembrar que na Europa nos autocensuramos.  

Este projeto parte da observação dos constrangimentos criados nestas sociedades e que retraem a liberdade e a capacidade de arriscar por parte dos artistas, empobrecendo os resultados e o impacto com os públicos.

 

Citando Ai Weiwei, a propósito do cancelamento da sua exposição na Lisson Gallery, em 2023: “Quando uma sociedade não consegue suportar vozes diversas, está à beira do colapso. Vozes divergentes que se afirmam pela diferença, pela ousadia, pelo risco. Sem medo e em exercício pleno da liberdade criativa. No panorama atual, de medo e alinhamento com as convenções, não há lugar para a singularidade porque esta deixa demasiado espaço para uma leitura desconhecida e que é arriscada.